sábado, março 06, 2004

A análise – autonomia crítica – e a síntese operativa – construção da acção – serão, quase certamente, as bases operacionais da criação consequnte. O pensar e o agir, cosidos pelo fio do desígnio. É assim construído a criação sobre dois momentos distintos, não estanques mas que se tocam e mesclam, contaminados pela alma.


O que é a autonomia crítica? Acima de tudo a capacidade de saber ver e prender consequentemente esse acto ao pensamento. A consciência daquilo que nos rodeia e, em última análise, e porque não, a consciência de nós próprios. Não tanto uma objectivação asséptica dos fenómenos do universo da nossa intervenção, mas sim uma forma de (des)construção multi-nivelada sobre esses fenómenos. Aliás a própria concepção perceptiva como organização em níveis estará já desactualizada, tendo sido substituída pela concepção multi-reticular, mais complexa e mais pluri-dimensional. A profundidade da informação e a forma como lidamos com essa qualidade, entrou numa nova era, não tanto da sobreposição mas da inter-relação, em que a quantidade de ligações entre fenómenos se torna essencial para o conhecimento de um todo. |conhecimento rizomático?| Dada a existência de enormes quantidades de fenómenos (e possibilidades de conhecimento) a velocidade tornou-se importantíssima para a comunicação da informação.

Só que a busca de velocidade, como tantas outras coisas na sociedade contemporânea deixou gradualmente de ser um meio para se transformar em fim, ou seja, tornou-se mais importante hoje a velocidade e capacidade de chegar ao conhecimento do que o próprio objecto. – onde fica o tempo da retenção e maturação? – No Mundo da rede, chegou-se ao ponto em que as ligações são mais importantes do que as intersecções, lugar onde reside o verdadeiro saber. O instrumento tornou-se mais forte e necessário do que o seu uso primordial. A velocidade transformou-se em pressa e a última é uma pressão que torna o pensamento mais urgente e nesse correr raramente se encontra espaço e tempo para se desenvolver um raciocínio profundo e denso. Na rapidez dos processos onde fica realmente o tempo para o processamento efectivo e consequente.

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