terça-feira, maio 04, 2004

A sintese operativa:

Por sintese operativa entendo uma acção proveniente do conhecimento analítico e da vontade de intervir. Isto é o ponto de viragem, prévio ao excesso de conhecimento que nos inibe de agir, por medo ou por descrença. Este é o tempo formalizador da criação, dependente da expressão e capacidade para a comunicação. É um por para fora, que nos permite levar o fio do nosso pensamento e da nossa opinião sobre o mundo aos outros e a nós vendo de fora, e deixá-la em ferida aberta ao vento da crítica. O problema dos dias de hoje é acharmos que toda a acção se deve escudar sobre o manto metálico da ciencia e da matemática certeza do conhecimento, quando todo o processo operativo se baseia essencialmente na intuição, e num saber empírico. Falta-nos a confiança em nós próprios mas acima de tudo a capacidade para o reconhecimento dos erros. Só age verdadeiramente quem acredita em si, mas também só quem esteja pronto a reparar que as certezas são comtempoâneas e muitas têm prazo de validade. Devemos perceber uma coisa: agimos num tempo presente e devemos usar as nossas certezas desse tempo e para esse tempo, não nos podemos dar ao luxo de esperar eternamente pela solução da eterna equação cosmológica que tudo predirá. O homem é um animal que aprendeu a operar na incerteza, improvisa para não morrer no tempo e os verdadeiros heróis foram aqueles dispostos a acreditar no ridículo. Porque é ridiculo acreditar em espaços fora dos Status Quo, é ridículo andar contra a cega maioria do conforto, porque é ridiculo sacrificar a vida por uma certeza que amanhã não pode ser. Mas os heróis acreditam que não pode senão ser... Acreditam na inevitabilidade daquilo que intuem e acreditam e se tudo fosse matemática o amor morreu. Hoje estamos mais expostos ao ridículo que nunca, estamos inivitavelmente na montra de um mundo inteiro, e por isso preferimos muito mais recolhermo-nos à intimidade das nossas sinapses, únicas e privadas, ou sairmos só para dizermos aquilo que sabemos que muitos querem ouvir. Desculpámo-nos com uma qualquer teoria da relatividade, que nem tinha muito que ver com isto, mas que serviu tão bem para nos desculparmos com o Cliché do nosso século de que tudo é relativo. E hoje já não há heróis...Foram morrendo aos poucos e com eles as Utopias, esses valiosos instrumentos das revoluções. Falta ao Homem um novo renascimento, uma crença que nos permita sonhar de novo sem de manhã termos de esconder os lençóis marcados da excitação de havermos acreditado de olhos fechados num mundo diferente...

PS.
#1_Infelizmente os cravos que nos alimentam estão podres e faltam-lhes já o sumo e cor dos ideais revolucionários...
#2_Nunca digam que as gerações mais novas jamais vão entender o 25 de Abril. Vivemos a liberdade todos os dias, e se não sabemos o que custa uma bandeira, expliquem-se de uma vez por todas PORQUE NÓS NÃO SOMOS TOLOS!!!
#3_Saramago, o voto em branco é inutil e vazio de sentido! Se não há uma alternativa de acordo com aquilo que acreditamos estamos democraticamente obrigados a criá-la nós. Isto sim é democracia!

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