
[Henri Matisse_"Icarus" (1947)]
Postal de natal:
Começo este texto com a intenção de vos escrever um postal de natal, porque sinto que a euforia desta época nos permite ser mais sinceros que o habitual sem que ninguém nos estranhe as palavras. Porém sei da minha impaciencia e incapacidade para a linha recta e única que permite o discurso coerente e preciso e não garanto que o texto continue como pretendia. Nunca fui capaz... e gostava.
Nesta época parece que nos conseguimos, por um momento, colocar fora do tempo e da vida, e arranjar a disponibilidade para ser ou aquilo que realmente somos ou somente ainda mais cinícos.
Eu apesar de tudo sinto no Natal e nos seus chavões, a liberdade de poder dizer amor sem que ninguem me olhe chocado. De diferentes níveis de amor sinto nos Postais de Natal (sob a forma que forem) a oportunidade de demonstrar a todos os que me fazem sentir, que estou a pensar neles. Nunca vou ter a oportunidade de perguntar se acreditaram em mim quando vos desejo toda a tranquilidade e serenidade, com medo que o choque do discurso nos traga para a realidade e termine prematuramente com este oásis de optimismo que vivo no natal.
Não gosto que maldigam esta época...
Gosto de acreditar nas coisas e acredito nesta época...
Na noite de consoada, há alguém que invariavelmente estranha o meu comportamento, porque em determinado tempo, me afasto sempre o suficiente de todos para os poder ver todos como um conjunto. Amplio o enquadramento e tento serenamente registar a paisagem da alegria.
Sorrisos tão suaves de gente que amo e que naquele dia têm a sorte de ter um intervalo na vida.
O meu silencio é de tranquilidade e felicidade, Pai. Esse dia permite-o... Nesse dia permito-me...
E ficam-me sensações que me permitirão em qualquer altura construir esse meu refúgio...
E ouvir amigos... Senti-los mais proximos. Nunca sei se consigo que sintam o quanto vos aprecio e necessito.
Nunca sei se sabem exactamente a medida do valor que têm e do quanto são imprescindíveis...
Nunca sei se sabem, e isto é complicado, quantas vezes me salvaram sem saberem...
Vivo tudo na base do querer acreditar e nesta época encontro-vos todos mais perto e acredito para mais um ano...
Abraço e Feliz Natal
3 comentários:
Nesta época natalícia, passo a minha mão suavemente pela tua cabeça, convido-a a deitar no meu colo e acaricio-a lentamente, à medida que passo os dedos pelo teu cabelo.
Este é o Pedro que eu conheci. O Pedro que aceita o meu convite e que abre o coração. Que fala abertamente sobre sentimentos e que não tem medo de se expôr.
Parabéns e Feliz Natal, ambos atrasados.
Beijos, Marta.
P.S.: Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.
saudades tuas amigo...
Feliz Natal.. vem a Lisboa....
Tu m'aime encore?...
besos
Feliz Natal!(É um comentário tardio mas a velha máxima diz que "Natal é quando um homem quer" e eu quero.)
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