
[Paula Rego - Sleeper]
...
Dormir... Panaceia do desespero: Morfeu salvador deixa contar as horas e velando pelo sono faz o mundo continuar as suas voltas sem que me aperceba...
E numa ignorância que me forço digo-me que o mundo muda sozinho e sem que o veja, suspenso da bruta decisão de esperar que tudo melhore enquanto durmo.
João Pestana deixava grãos de areia que faziam pesar as pálpebras e adormecia os justos: eu tenho um ciclope que me chama Ninguém deixando cair sobre os meus olhos o peso dos meus erros e problemas...
Mas durmo, amando a puta cronometria do mundo que me finge adiar o momento fatal...
1 comentário:
Por vezes apetece-me retirar completamente a minha vontade de mudar o mundo. É exactamente nos momentos de desânimo que mais cresce essa vontade. Mas, curiosamente, é também nos momentos de desânimo que a actividade criativa mais se expande, que brotam palavras.
Reparei já por várias vezes que já não escrevo há anos. A pessoa que mais me fez escrever foste tu. Reparei também que era a dor e a tristeza que me levavam a escrever.
Talvez faça algum sentido o conhecido poema (não que me considere poeta, nada que se pareça) do poeta que é um fingidor. Mas a verdade é que a dor suscita à criação. Os artistas alimentam-se da dor para criar. Interessante, não é?
Por vezes questiono-me até que ponto terás necessidade de sentir permanentemente a dor para que nunca deixes de criar.
Já pensaste nisso?
Independentemente do resto, gosto mais de ti ensonado. Pareces-me mais animado do que neste blog.
Beijos,
M.
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