segunda-feira, abril 30, 2007















[Paula Rego - Sleeper]

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Dormir... Panaceia do desespero: Morfeu salvador deixa contar as horas e velando pelo sono faz o mundo continuar as suas voltas sem que me aperceba...

E numa ignorância que me forço digo-me que o mundo muda sozinho e sem que o veja, suspenso da bruta decisão de esperar que tudo melhore enquanto durmo.

João Pestana deixava grãos de areia que faziam pesar as pálpebras e adormecia os justos: eu tenho um ciclope que me chama Ninguém deixando cair sobre os meus olhos o peso dos meus erros e problemas...

Mas durmo, amando a puta cronometria do mundo que me finge adiar o momento fatal...

1 comentário:

Anónimo disse...

Por vezes apetece-me retirar completamente a minha vontade de mudar o mundo. É exactamente nos momentos de desânimo que mais cresce essa vontade. Mas, curiosamente, é também nos momentos de desânimo que a actividade criativa mais se expande, que brotam palavras.

Reparei já por várias vezes que já não escrevo há anos. A pessoa que mais me fez escrever foste tu. Reparei também que era a dor e a tristeza que me levavam a escrever.

Talvez faça algum sentido o conhecido poema (não que me considere poeta, nada que se pareça) do poeta que é um fingidor. Mas a verdade é que a dor suscita à criação. Os artistas alimentam-se da dor para criar. Interessante, não é?

Por vezes questiono-me até que ponto terás necessidade de sentir permanentemente a dor para que nunca deixes de criar.

Já pensaste nisso?

Independentemente do resto, gosto mais de ti ensonado. Pareces-me mais animado do que neste blog.

Beijos,

M.