Postal de Natal A Quem de Longe Pergunta Como Está Tudo
De resto o mundo aqui continua igual.
Os que mandam continuam os filhos da puta do costume. Os que são mandados caminham ainda um pouco mais curvados sobre o peso da ignomínia humana. E, este ano, destruíram o Natal. Sorte dos que foram para longe. Assim não têm que assistir a este deambular de um povo sorumbático, as ruas despidas da forma de natal. Sem corpo não sobrevive espírito. Sem luz. A intermitência luminosa do brilho que anunciava a natividade foi-se das artérias da cidade e das caras das pessoas, que agora arrastam lá o seu quotidiano. A primeira vez que ouvi boas festas, estávamos já em meados de Dezembro. Era o 15 ou 17, faltavam nove dias para a Consoada. E nem isso conseguiu trazer à memória o cheiro do pinheiro da minha infância. Espero que chegar a Casa, seja o despertar desse natal, esse Natal que os escroques estão decididos a roubar-nos. E juro, que se alguma vez o divino justificou castigar alguém, eram estes. E era agora.
Quero ver que teologia vai explicar neste século, que tão poucos tenham rasgado a meio tantos. Enquanto jogam aos dados com o nosso destino numa mão e contam os seis dinheiros de Judas na outra. E assim ficaremos, despojados disso, a chorar as 5 chagas que ficaram. Cristos, e não meninos. E se um triunvirato de Reis chegasse, seriam ilusionistas vigaristas, que em troca de um falso Natal, nos exigiriam o Ouro, o Incenso e a Mirra. E nós entregaríamos, esperança cansada e desesperada, em troca da falsa promessa de um próximo Natal mais próspero.
Um Natal curvado, Ana, não é Natal.
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