quinta-feira, setembro 01, 2005

Uma gruta para me esquecer de ti...

E
spanto-me por, depois disto, ainda precisar de uma gruta para esquecer... Física, para que o meu corpo sinta que te pode esquecer, para que o meu corpo seja forçado a esquecer-te, da tortura de não querer escapar...
Uma gruta, precisa, escavada à força dos meus lábios, para que gastem a vontade que guardam de te beijar, rasgados, com a carne enfiada à força na pedra... Do sangue escorrido quer-se esgotar o coração, mas à força do corpo ainda querer estar, troca-se o sangue por lama, e bombeiam as veias a terra onde te procuro esquecer...
E da terra intravenosa, e da pedra que engulo e do pó que respiro, enche-se-me o corpo, por dentro, da mesma matéria que me aperta por fora, até que fico reduzido, à fina pele entre terra e terra... perco espessura, de dentro e de fora é tudo igual... Eu sou só epiderme, esquecendo-te, apertando, esmagando cérebro e coração...

Um dia não haverá espaço para mim em mim mesmo...será tudo pedra... (assim não haverá espaço para ti em mim)! Terei sedimentado a minha recusa.

Quando por acaso me racharem ao meio, abrirem o meu perfil, conseguirão decifrar, do fóssil dos meus lábios, o teu nome lá dito?


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