
[Donald Judd]
...
"Se ele sonhar, nunca saberá o que são os seus sonhos."
in, A Um Deus Desconhecido, JOHN STEINBECK
E então que devo fazer-me? Abrir os olhos, coser as pálbebras à testa e deixar que nunca mais se fechem? Acreditar nas pequenas coisas? Sustentar-me do suficiente?
Ou então sonhar de pé: acreditar que o desejo mora na rua onde vivo. Ali atrás daquela porta alta. Só não tenho a chave...
Tremo de medo só por pensar que pode ser que já tenhas espreitado pela fechadura, daí desse lado de dentro: viste-me e não destrancaste a porta?
Vou mudar de rua sem nunca ter rodado a maçaneta, sem saber se acaso me viste ou sequer se estava trancada essa entrada. Vou mudar de casa o desejo como sempre faço, emalado e abafado, debaixo do casaco do silêncio, embrulhado num cachecol de angústia.
Estou farto de carregar essa mala e juro que um dia me esqueço dela: propositadamente.
3 comentários:
Há sonhos possíveis de serem recordados... Possíveis de serem vividos inclusivé.
O gosto pelo cinza do sofrimento de pensar que não se sonha acordado é algo que preenche o vazio deixado pelo medo de viver...
Nem sempre é importante deixar a mala... Basta reparar o que se coloca lá dentro e/ou deitar fora o que não interessa e/ou (ainda) valorizar o que interessa manter ou acrescentar...
Beijo
sempre que um Homem sonha, o mundo pula e avança.. porque, ser poeta é ser mais alto, nunca te esqueças disso!...
muitos beijos
e
Enviar um comentário