quarta-feira, novembro 15, 2006




















[Frederico Fellini_Satyricon]

Estive sentado à tua frente horas: Articulei o meu discurso, hermético porque também não tinhas de saber tudo. Mas fui certamente articulado e expiquei-te-me aquilo que eu considero que me deverias saber. Sem ornamentos.
E acompanhei, feito legenda ou complemento interpretativo, com gestos cheios de músculo e veias cheias de sinceridade (não notaste o encarnado da minha pele?).

Olhaste para mim para me dizeres que não sabes o que precisas de saber? Devias saber então que a resposta seria simplesmente a tácita anuência de que isso não sou para tu saberes: pelo menos neste tempo.

A generosidade nunca foi o tamanho do gesto, mas o tamanho do esforço para o fazer: abri a mão o mais que pude e se o abraço não foi suficientemente grande para achares que cabias nele, devias, pelo menos, entender que é a amplitude que consigo agora...

Se calhar quando me crescerem os braços ou cairem as presilhas que me impedem os gestos largos!


1 comentário:

Ella disse...

saíste-me cá um poeta... parabéns!