quarta-feira, maio 30, 2007
















[Vitória de Samotrácia]
...
Ouvi ontem a tua voz: estava a dormir e sonhava, mas sei que era a tua voz. Uma voz dessas não se ouve sem ter consequências.
O sonho traz responsabilidades, li* ontem antes de adormecer, e, porventura por ter aprendido isso, decidiste finalmente revelar as tuas pistas. Está guardada a voz e um olhar intencional. Eu estava descalço e tudo o resto não interessa.
Não preciso mais nada, embora tenha acordado com a angústia de querer um pouco mais de sono para te ouvir, outra música que fosse, pelo prazer e não pela memória, porque ficaste gravada no meu consciente. Ultrapassaste suavemente essa barreira entre o sonho e a realidade.

A voz, como um lamento, um choro suave quase sem som: que dor ter acordado, que prazer ter-te descoberto.

O sonho traz responsabilidade e assumi tudo. As voltas que darei não me interessam e se calhar devia ir descalço, vai ser bom sentir todo o chão que tiver que caminhar. Ouvidos atentos claro.

E tu sonhaste comigo?




* Kafka à Beira Mar, Haruki Murakami

2 comentários:

Anónimo disse...

"Quando estás à chuva, tornas-te parte da chuva. Quando é manhã, tornas-te parte da manhã. Quando estás comigo, tornas-te parte de mim."(H. Murakami)
l.

Anónimo disse...

*suspiro*

Quero mais!... :-)

Beijos,

M.