quarta-feira, dezembro 17, 2003

Às vezes saber que não é suficiente é quanto basta,
Digo, que como acto de sobrevivência devemos essencialmente descobrir no insuficiente matéria para nos bastar no desejo do impossível. È uma questão de não ficar moribundo, este aceitar uma mínima parte daquilo que queremos, que não é o nosso objecto, mas uma sua partícula, e sorrirmos a esse átomo do nosso desejo. Nessa mesma história há alguém que diz: “ I don’t want what I need, I want what I want.” E põe nessa mesma frase o risco de se querer tudo o que se deseja. Um risco absoluto e neste argumento a personagem resvala para a solidão de ter pedido tudo e não ter nada. Para a solidão de querer tudo como um todo e de não ter o abraço para agarrar o corpo do seu desejo.
E recordo F.P. para quem não era necessariamente mau desejar, mas sim querer tão intensamente o necessário como o desejável.
Recolhem-se as migalhas do desejo e destas pequenas partes nos alimentamos no limite. Entre o amargo da impossibilidade e o doce da esperança. E nesse limbo agri-doce caminhamos em frente, paralelos ao que tanto desejamos.
Infinitamente sem nos cruzarmos mas sempre lado a lado...

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