Simulação
Perguntava-me se já teria visto alguém a morrer. Não. Mas na minha cabeça habitam imensas imagens de mortes e de gente a morrer. Nas mais diversas situações, poderia sentir-me um espectador de várias mortes... simuladas. A verdade é que hoje grande parte da nossa realidade é montada sobre ficções, sobre imagens fabricadas. Sobre simulações. Mas ver alguém morrer da carne e da alma, não é o mesmo que ver morrer através de um tubo catódico ou de uma qualquer ligação de banda larga. E quem nos faz de conta que morre já terá visto alguém morrer? Qual é a verdade da imagem que recebemos do mundo? Quanto podemos simular e até que ponto sem nos desprendermos da nossa condição real? Que espécie de realidade é esta filtrada, editada, cortada, montada e musicada por outros que recebemos? E como podemos deixarmo-nos cair neste confortável marasmos espectador de vermos o mundo escolhido e resumido de forma uni-angular e por outro? E em vez de vermos o que nos permite a amplitude do nosso corpo e mente, registamos apenas aquilo que nos permite a profundidade e ângulo de uma lente...
E parece-nos daqui, do buraco roçado do sofá, que realmente vimos e que sobre essas incompletas imagens somos capazes de formar juízos sobre o mundo.
E quando vamos em busca de um lugar, procuramos a ilustração de um postal...
E nessa (in)capacidade de ver tantas imagens, acabamos por ver nada.
Perdemos na mente, no corpo e na realidade que vivemos, sabendo muito menos que aquilo que pensamos saber...nada de tudo...
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