terça-feira, janeiro 27, 2004


Conversamos sobre o medo do ridículo e uma força ordena-me dizer-te, mas há o terror. Sempre o terror! Enfim, baixo os braços, olho para dentro e vejo a coragem de te dizer voltar para onde está escuro e onde bate realmente o que quero. Num mundo interno sem ligações ao exterior. Uma biblioteca de oportunidades perdidas, de forças reprimidas. Conversamos sobre oportunidades perdidas e tento explicar-te o perigo daquele livro. Tomás, Teresa, Sabrina*, todos jogam um perigoso esquema de concessões demasiadas. E sempre que conformam o seu destino ao medo eu revejo-me nas letras, como se fossem realmente o espelho que reflecte os meus segredos. Dizer-te é como se nunca tivesse tido boca e nada sai senão rodeios e devaneios. Sento-me mais uma vez à espera de uma catástrofe, mas a vida não é uma ópera...

*da “insustentável leveza do ser”


Vejo-te através de uma máscara. Tapa-me a cara. Vejo-te através da minha cara. Tapa-me o coração. O que sinto então parece-me um Carnaval. Estou contigo sempre disfarçado pela minha cara e não permito que nada me revele. Tenho sorrisos pintados por cima da minha ansiedade e quando saio da tua frente borra-se-me a pintura como se fossem lágrimas. E as palavras que não te digo, cuspo-as com sangue por não as segurar mais.

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