segunda-feira, janeiro 12, 2004

À espera...
Essencialmente um vazio entre uma decisão nossa e a decisão de outro...
E a espera é tanto mais dolorosa quanto a incerteza do tempo que medeia os dois momentos... que vai de instantes a furiosa incompreensão do nunca...
E também o não saber porquê de tanta demora, porquê da não concretização de algo que estava previsto. Na imcompreensão de alguma coisa, fica o espaço para a imaginação e para a especulação dos porquês...
Esse espaço de especulação aliado ao tempo formado pelo vazio da espera cria todo um universo mental em que, infelizmente podemos viver, porque é espaço e tempo e formam história. É claro que se desmorona no momento que termuna a espera, ou de vai desconstruindo a partir do momento em que desistimos da espera, ou da razão da espera... Mas entre ( o "entre" é sempre esta condição tramada em que se acabam por passar os verdadeiros segundos decisivos da vida) o início da espera e o fim cabe um mundo inteiro físico e dinâmico que nos opera, que nos faz viver, simular, doer... Pode-se dizer que nos vicia o pensamento, toma conta de nós com o desfiar dos minutos em que vamos ficando cada vez mais entranhados dessa nova fictícia realidade que, apesar de tudo, até tem tempo e espaço, e com isso ganha uma força de forma real, que na mais pequena das distracções nos empurra para o lado de lá de nós. Que nos faz por doer por antecipação... E o pior é que as dores das realidades fingidas doem tanto como as outras...
Ficar à espera é fodido...

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