quinta-feira, novembro 24, 2005

A saudade é uma corda tão elástica quanto a dor de um pode aguentar, uma corda amarrada ao desejo, ao peso do amor... Nó a nó, vai marcando a distância emocional a ti, essa saudade: a tensão que se coloca entre nós, tacitamente expressa ma forma como vivo cada dia. Escolhi-te ponto de partida e larguei a corda desde ti até onde podia ir.
Como me apertava a corda a cada passo, jamais soube como dizer-te ou fazer-te ver; pensando sempre que se te apertava também a corda: sonhei que cada puxão se sentia em ambas as extremidades...
Nestes dias em que estou sozinho, o ignorante, dou um ou outro puxão à corda: sinto-a frouxa e cada vez menos pesada. Com as mãos que não me obedecem à vontade de não querer saber, puxo a corda ainda mais, mesmo sabendo que um dia chegará a mim a outra ponta do fio da minha saudade, do lado de onde se soltou: eu sei que nada trará de ti, o tempo fez-se de desinfectante dos sentimentos perdidos, e deixou asséptica essa extremidade da corda.

O meu lado? Trago-o amarrado ao pescoço...

post scriptum: um dia escrevi-me que certos dias de sofrer é como saltar a um abismo de corda amarrada ao pescoço, ou se morre da queda ou me seguram pela corda e morro da salvação. Hoje já sei que corda é essa que vi um dia, e sinto nas mãos a chuva dos meus sonhos...

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